Governo faz manobra de última hora contra CPI

 


Domar quando se tem a intenção de contar boas notícias sobre si mesmo de olho na reeleição de 2022. A CPI promete revisar ponto a ponto a falta de gestão da pandemia que levou o Brasil a se aproximar de 400.000 mortos por covid-19. O presidente, porém, obteve vitórias pontuais vindas do Judiciário e do Ministério Público Federal nesta segunda-feira. Um juiz impediu que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) assumisse a relatoria da comissão por entender que a indicação de uma pessoa que é investigada criminalmente poderia ferir a moralidade pública. No mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República denunciou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), por suposto envolvimento em um esquema de corrupção na compra de respiradores para o enfrentamento da pandemia no Estado.


Distrito Federal a respeito da aplicação de verbas que a União destinou para construção dos hospitais de campanha no ano passado. Esta fiscalização assim como a denúncia feita contra o governador Lima, dão força ao discurso de Bolsonaro que pretende retirar de si a responsabilidade pela gestão da pandemia atacando diretamente governadores e prefeitos.

Interferir em outro poder e o de considerar que o cargo de relator é ocupado por uma eleição, e não por designação do presidente da CPI. “É uma liminar cloroquina. É um tratamento precoce, sem eficácia comprovada e com efeitos colaterais gravíssimos”, disse senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), um dos opositores que estarão na linha de frente contra o presidente na comissão.

Morais, da 2ª vara cível do Distrito Federal, acatou o argumento da autora da ação, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP). Conforme o despacho, o impedimento para assumir a relatoria foi determinada até que o parlamentar apresente seus argumentos ao juiz. Na sequência, ele reanalisará a questão. Procurado, o senador emedebista, não se manifestou.

Comissão se articulam para chegar a alguns cálculos que possam mensurar os crimes do presidente. O principal deles: Quantas vidas seriam poupadas, caso ele não tivesse sabotado a compra de vacinas ainda em 2020? Esta será a tônica da primeira parte da CPI, que logo de partida terá cerca de 100 requerimentos a aprovar. Cada requerimento trata da convocação de ministros, de ex-ministros, de especialistas, da produção de provas, de envio de documentos por ministérios. Neste meio estão convocações e convites para os três ex-ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello), para o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e para o ex-comandante do Exército Edson Leal Pujol, além de pesquisadores que possam ajudar a desenhar o caminho que levaria à conclusão sobre a omissão ou não da União.

Travou as negociações com o Instituto Butantan o quanto pode, por questões ideológicas”, diz Ethel Maciel, doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo. Para ela, o Brasil estaria em outra situação, caso a vacinação tivesse se iniciado em larga escala há quatro meses. “Não teríamos chegado nesse pico de mortes”. Nesta segunda-feira, o país atingiu os 391.936 óbitos em decorrência da covid-19.

Começado logo, ao menos 110.000 vidas seriam poupadas até o fim de 2021. Com o aumento de casos das últimas semanas, um dos pesquisadores do grupo, o epidemiologista Eduardo Massad, da Fundação Getúlio Vargas, atualizou os números para ao menos 200.000 vidas. Na esfera política, interlocutores de três dos 7 senadores que farão oposição a Bolsonaro na comissão, disseram ao EL PAÍS, que o grupo quer buscar todos os estudos possíveis que tratem da quantidade de vidas que deixaram de ser preservadas para demonstrar o tamanho da responsabilidade do Governo no enfrentamento da pandemia.

Tentativa de responsabilização de outras autoridades. “O que o Supremo Tribunal Federal decidiu até agora foi que o Governo Federal não pode atrapalhar Estados e Municípios no combate à pandemia. E os discursos do presidente vão exatamente nesse sentido. Ele não ajuda, só atrapalha”, disse Dourado.

Respondidas por 13 ministérios. A pasta quer unificar informações para evitar que o presidente seja acusado, por exemplo, de atuar a favor do genocídio de indígenas, de ter minimizado o impacto da pandemia, de ter sido negligente e desacreditado a vacina Coronavac (do Instituto Butantan), de ter promovido tratamento com drogas comprovadamente ineficazes contra a covid-19, de ter politizado a pandemia, entre outros tópicos. O documento da Casa Civil foi revelado pelo portal UOL.

Como um “roteiro a ser seguido”. Neste caminho das pedras, estaria a convocação do ex-ministro e general Eduardo Pazuello, a quem a Gestão Bolsonaro quer responsabilizar por parte dos erros. Na semana passada, o ex-secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten, concedeu uma entrevista à revista Veja, na qual ele tenta blindar o presidente das falhas na condução da pandemia e joga a responsabilidade no ex-ministro. Ainda assim, a estratégia é arriscada. “O Pazuello é um fusível fácil de queimar, mas se o apertarem, talvez ele solte alguma coisa”, avaliou.

TV que demonstrou sua verve negacionista chamando a covid-19 de gripezinha, passando pela promoção da ineficaz cloroquina, até o vídeo que ele publicou em suas redes sociais no qual ele proíbe Pazuello de assinar a compra da Coronavac. Nesta ocasião, o então ministro da Saúde disse: “É simples assim, um manda e o outro obedece”.



FONTE: BRASIL ELPAIS ...

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